
CD - MEIA VALSINHA
A expressão "Meia Valsinha", atribuída ao título deste CD, advém de uma marcação peculiar do Brinco d´Oito: os bailadores, colocados vis-a-vis, davam a mão direita ficando a esquerda descaída. Muitas vezes, a Meia Valsinha, servia também para marcar passo até que o marcador ordenasse nova marcação. O Brinco d´oito é por excelência o ex-libris do folclore cantado e bailado do Rochão. Proveniente das antigas quadrilhas e, sendo uma contradança, é provável a sua influência Britânica, até porque, na Camacha, muitos ingleses construíram as suas quintas e lá viveram a partir do Séc. XVIII. As gentes do Rochão e da Camacha deixaram-nos um importante legado em termos etno-folclóricos. De facto, desde o Brinco d´Oito, uma verdadeira contradança, até a Viuvinha - possivelmente uma mourisca... ao bailar de cócoras, entre outros bailados e cantigas, não restam dúvidas da importância deste património imaterial que nos é possível, por via da pesquisa e divulgação, preservá-lo. Assim, e graças ao aparecimento de grupos de folclore organizados a partir dos inícios do Séc. XX, foi possível perpetuar estes usos e costumes. O Grupo do Folclore do Rochão, fundado em 17 - 12-1986 por Alexandre Rodrigues, juntamente com um grupo de aficcionados pelo folclore, é o resultado de um fenómeno dos anos oitenta, ou seja a proliferação de grupos de folclore na Madeira. Este grupo nasce da cisão com outro grupo já existente na Camacha. Assim, a partir da sua fundação foi assentido pelos seus dinamizadores o lema de: recolher, pesquisar, preservar e divulgar: desde logo a ousadia em dirimir certos mitos que se tinham tornado um status-quo, como é caso dos grupos uniformizados, uma vez que o grupo começou desde 1992 a empreender um estudo acérrimo em torno dos: cantares, bailados, indumentária, jogos tradicionais, etc., procurando retratar o mais fidedignamente possível a sociedade do Rochão/Camacha desde finaisdoSéc. XVIII até princípios do Séc. XX. Do currículo deste grupo destacam-se: intercâmbios a nível nacional e internacional, com participações em distintos Festivais de Folclore; a realização desde 1990 do Festival de Folclore Nacional, que em 1997 passou a ser Internacional; realização de colóquios, conferências; exposições e recuperação de usos e costumes. Agradecemos sobre maneira às pessoas que directa ou indirectamente colaboraram neste projecto que, diga-se, em boa verdade, não tem sido muito pacífico,já que na Camacha é muito conturbada a existência de um grupo de folclore...